Acabei de ler "Moça, Interrompida" da Susanna Kaysen. Achei bastante bom.Agora quero ver o filme!
" ...Ela mudara muito naqueles dezesseis anos. Já não estava ansiosa. Na verdade, estava triste. Era jovem e distraída e seu professor bronqueava com ela, tentando fazer com que prestasse atenção. Mas ela olhava para fora, à procura de alguém que olhasse pra ela.
Desta vez, li o título da pintura: Moça interrompida em sua música.
Interrompida em sua música: tal qual acontecera com a minha vida, interrompida durante a música dos dezessete anos, tal qual a sua vida, arrebatada e presa à tela; um instrumento forçado a imobilidade, forçado a representar todos os demais instantes, fossem quais pudessem ter sido. Que vida consegue se recuperar depois disso?
Agora eu tinha algo a lhe dizer.
- Estou vendo você - falei.
Meu namorado me encontrou chorando no corredor.
- O que há com você? - perguntou.
- Não está vendo? Ela está pedindo pra sair - respondi, apontando para a moça.
Ele olhou para o quadro, olhou pra mim. - Você só pensa em sia mesma. Não entende a arte.
E afastou-se para olhar um Rembrandt.
Desde então, tenho voltado ao Frick para vê-la e ver os outros dois Vermeer. Afinal de contas, é dificil encontrar um Vermeer, e o de Boston foi roubado.
Os outros dois quadros são auto-suficientes. As pessoas entreolham - a dama e sua criada, o soldado e a namorada. Contemplá-los é espiar por um buraco na parede. E a parede é feita de luz - aquela luz de Vermeer, irreal e, no entanto, totalmente plausível.
Uma luz como essa não existe, mas nís desejamos que exista. Desejamos que o sol nos faça jovens e belos, desejamos que nossas roupas reluzam e deslizem sobre a nossa pele e, acima de tudo, desejamos que todos os nossos conhecidos possam se iluminar com um simples olhar nosso, como acontece com a criada que segura a carta e o soldado de chapéu.
A moça e sua música vivem em outro tipo de luz, a luz caprichosa e mortiça da vida, que só permite que nos vejamos e aos outros imperfeitamente, e raras vezes. "
1 Comments:
At quinta-feira, junho 19, 2008, Fefis said…
Vi o filme hoje, gostei. Ah...se todas as clinicas psiquiatricas fossem como as do filme...
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