Quase Nada Sobre Quase Tudo

quinta-feira, dezembro 14, 2006

Para donos de cães que não sabem falar

Se o seu querido amigo não consegue se sacodir direito e anda pra lá e pra cá irriquieto, cuidado: pode ser otite!
Li meu primeiro livro da Carson McCullers e estou apaixonada! ¨Balada do Café Triste¨ foi escrita em 1951 e considerada por Tennessee Williams como uma das obras-primas em prosa da língua inglesa. Não é pra menos!
Ontem assisti ¨Os Infiltrados¨ do Martin Scorsese.
O enredo é mais ou menos assim: Billy Costigan (Leonardo DiCaprio), um jovem policial, recebe a missão de se infiltrar na máfia, mais especificamente no grupo comandado por Frank Costello (Jack Nicholson, sensacional). Aos poucos Billy conquista sua confiança, ao mesmo tempo em que Colin Sullivan (Matt Damon), um criminoso que foi infiltrado na polícia como informante de Costello, também ascende dentro da corporação. Um belo dia tanto a máfia quanto a polícia descobre que entre eles há um espião...
Elenco estelar, todo mundo trabalha bem, super bem filmado, enfim outro bom filme do Scorsese. Recomendo!
"Não tenho nenhuma intenção de me apegar tenazmente à vida, mas uma vez que continuo vivo, não posso deixar de sentir atração pelo sexo oposto.”

Li ¨Diário de um velho louco¨ de Junichiro Tanizaki. O livro narra a relação do patriarca de 77 anos da família Utsugi e sua nora Satsuko.O velho se empenha em burlar uma vida regrada pela velhice rompendo por completo com as convenções sociais e entregando-se de corpo e alma à exaltação de seus prazeres hedonistas. A nora, ex-dançarina de casas noturnas, faz uso de seus talentos naturais para fascinar e controlar o sogro, manipulando-o em prol de interesses pessoais.

A explicação para tais impulsos, em nada exclusivos da juventude e da meia idade, vem do próprio narrador: “Penso, antes, que o fenômeno tem a ver com a sexualidade de um velho impotente — pois alguma sexualidade existe, mesmo num velho impotente.”

Outro belo livro de Tanizaki...

Há 2 anos comprei em Córdoba ¨Kiharu: Vida de una Geisha¨ autobiografia de Kiharu Nakamura, ex-gueixa de Shimbashi.
Ela foi muito famosa no seu tempo e recebia visita de personalidades do mundo todo (como Chaplin e Cocteau quem dedicou um poema à ela). Kiharu abandonou o trabalho como gueixa pra se casar com um diplomático com quem viveu uma temporada na Índia e quem terminou mostrando da pior forma possível seu lado cafajeste. Depois a guerra a manda de volta ao Japão sozinha, com um filho pequeno e ainda por cima tem que sustentar suas anciãs mãe e avó. Depois de comer o pão que o diabo amassou, Kiharu manda tudo à merda e vai morar nos Estados Unidos onde finalmente encontra o reconhecimento da sua arte e sua cultura.
Enfim, o descanso do livro foi bom, achei a leitura muito leve e gostosa. Pena que a narrativa termina em 1983 - li na internet que ela faleceu aos 90 anos em Nova York em janeiro de 2004.
Confesso que me chamaram a atenção as suas críticas ferinas à sociedade japonesa e sua quase ¨idolatria¨ pela cultura norte-americana. E mais uma vez aprendemos a lição: gueixa não é o mesmo que puta.
Pinochet morreu e foi cremado.
Como se diz na Argentina: ¨UN APLAUSO PARA EL ASADOR!"

terça-feira, dezembro 05, 2006

Ontem assisti no cinema ¨O Diabo veste Prada¨. Baseado no livro de Lauren Weisberger o filme é muito divertido, Meryl Streep está ótima e eu saí do cinema me sentindo uma baleia branca.

O argumento: Andrea Sachs consegue um emprego fabuloso ¨pelo qual um milhão de jovens eram capazes de dar a vida¨, ou seja, conseguiu ser contratada como assistente de Miranda Priestly, a editora da famosa revista Runway. No entanto, como assistente pessoal de Miranda, Andrea vê-se forçada a suportar toda uma série de abusos, realizando tarefas que vão desde o cafezinho à roupa suja passando até por fazer as tarefas escolares das filhas da chefe. Resumindo, Andrea tem de estar disponível 24 horas por dia para atender aos seus caprichos. A nova assistente tem então de decidir entre agradar a chefe ou manter-se fiel aos seus ideais.

PS: Dizem que o livro é muito, muito melhor...
Realmente o Orkut serve pra pouca coisa mas graças à comunidade que leio sobre livros fiquei intrigada com a sugestão do livro "La Mujer Justa" do escritor húngaro Sándor Márai.
O livro foi escrito em 1949 quando Márai já estava exilado (se não me engano nos EUA) e se compõe de 3 partes, cada parte oferece a visão de uma relação amorosa triangular.

Na primeira parte uma mulher conta pra amiga como descubriu que o marido estava entregue a um amor secreto que o consumia e como ela tentou reconquistá-lo. Na segunda parte, o homem confessa a um amigo como abandonou a esposa por uma mulher que desejava há anos e que depois o abandona para sempre. Finalmente, essa outra mulher conta ao amante como ela, de origem humilde, tinha conseguido se casar com um homem rico e de como esse casamento sucumbiu ao ressentimento. Cada personagem conta sua vida como se essa não pudesse ter sido outra, um tom de fatalidade absorve o livro e o sentimento de não ter alcançado nunca a felicidade.

Impecável.

sexta-feira, dezembro 01, 2006

Fazia realmente muito tempo que eu não comprava um cd original mas não resisti e comprei ontem, num supermercado local, ¨Peel Sessions 1991-2004¨ da PJ Harvey. (A vendedora ficou até exclamou eu diria até que com admiração ¨Nossa, você é a primeira pessoa que pergunta por este disco!").

Amiga íntima do radialista John Peel, morto há 2 anos, PJ foi convidada diversas vezes para tocar em seu programa na rádio BBC inglesa. O cd é o resultado da escolha das canções gravadas durante esses encontros.

Recomendo!
As músicas: Oh My Lover /Victory / Sheela Na Gig /Water /Naked Cousin / Wang Dang Doodle/ Losing Ground / Snake / That Was My Veil / This Wicked Tongue / Beautiful Feeling / You Come Through.

Nos últimos dias estive muito quietinha, lendo dois livros. O primeiro deles foi Tristessa¨ do Jack Kerouac, que como escritor de literatura fazia Truman Capote morrer de rir (ele dizia que ¨On the road¨ marcou a história da mecanografia e não da literatura). Bom, Kerouac deve ter sido um dos primeiros autores beatniks que li na adolescência e gostei bastante de ¨On the road¨ mas ¨Tristessa¨ é um livro muito fraco, não sei se mal escrito ou mal traduzido, ou ambos...

O livro foi baseado em fatos autobiográficos, narra a vida de uma junkie viciada em morfina, que vive na Cidade do México, e por ela se apaixona Jack, o protagonista deste romance, um poeta norte-americano. A melhor coisa do livro é a foto da capa. Dos livros que li neste 2006 este foi, de longe, o pior.

O segundo livro que li foi ¨O oposto do destino¨ da sino-americana Amy Tan. A autora conta passagens de sua vida e da vida de sua família: a difícil relação com a mãe que inspirou muitos de seus romances,os infortúnios, as coincidências, superstições, literatura, espíritos, da banda de garagem que forma com outros autores como Stephen King e Scott Turow, os diferentes papéis de filha, escritora e mulher e os efeitos que cada uma dessas personagens causaram em sua vida.

Nunca tinha lido nada dessa autora, só tinha visto o filme baseado no livro ¨O Clube da Felicidade e da Sorte¨, que eu gostei bastante. ¨O oposto do destino¨é um livro muito bem humorado e sensível, gostei.

Ainda nas primeiras páginas ela diz assim: "Vejo que essas transformações do destino são, na realidade, uma única coisa abrangente: esperança. A esperança sempre é permitida para todas as coisas. A esperança está sempre presente. Minha mãe, que me ensinou várias mudanças do destino, era uma ardente defensora da esperança. Se o destino era o ponteiro pequeno de um relógio, automaticamente movendo-se para a frente, ela podia encontrar um meio de obrigá-lo a voltar. Fazia isso sempre. Ela, que sempre acreditou piamente que eu seria médica, mais tarde gabava-se para quem quisesse ouvir: ‘Eu sempre soube que ela seria escritora.’ Dizendo isso, o destino era mudado e a esperança, realizada. E aqui estou, uma escritora, exatamente como a previsão de minha mãe."

 


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